quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dos governantes e dos governados


Há algo de estranho neste muito nosso modo de ser. Exigimos aos governantes aquilo que não exigimos a nós próprios. Fugimos aos impostos, não respeitamos as mais elementares regras de civismo (o que se passa nas estradas portuguesas é uma vergonha nacional. O comportamento dos portugueses ao volante é um espelho do que somos). Clamamos que os políticos não querem saber de nós e pouco nos importamos com o vizinho do lado. Bradamos que os políticos só querem encher os bolsos e se a oportunidade surgir fazemos exactamente o mesmo. Vociferamos contra as negociatas da política e reverenciamos a cunha e o chico-espertismo. Praguejamos contra a classe política por nada fazer e ficamos sentados à espera que alguém faça por nós. Satirizamos a falta de compaixão de quem manda e veneramos o queixume egoísta. Consideramos que temos sempre razão e conhecemos muito bem a causa de todos os problemas. Temos opinião sobre tudo e julgamos com a maior facilidade, sabendo, à partida, que fulano de tal é culpado porque sim.
Os políticos que temos, gostemos ou não deles, são somente o reflexo generalizado deste estranho modo de ser. Exigimos aos políticos virtudes que obliteramos no nosso dia-a-dia. A principal causa da nossa decadência é moral, o resto vem por arrasto.

João M

Sem comentários:

Enviar um comentário